Você já se perguntou por que a aprendizagem na Educação Infantil e nos primeiros anos de vida é tão relevante?

Compreendemos a aprendizagem como um processo pelo qual o ser humano capta conhecimentos, desenvolve habilidades. Esse exercício tão importante para a construção humana começa na infância, desde os primeiros dias de vida, e se perpetua por todas as fases seguintes.

Nos momentos iniciais, o processo de aprendizagem acontece em função das interações da criança com os novos ambientes, das experiências trocadas com as pessoas ao seu redor, da observação do mundo, das sensações que os novos sons, cheiros e gostos trazem. Assim, esse não é um processo totalmente voluntário, ao contrário: ele pode e deve ser estimulado. O estímulo lúdico é, na realidade, o mais seguro no começo da vida, pois é completamente motivador, curioso e enriquecedor para o inteiro processo de aprendizagem.

A exploração do ambiente e a observação sobre o funcionamento das coisas e comportamento das pessoas são a base para construir o conhecimento primário e interpretar mundo, sendo fundamental para o desenvolvimento intelectual das crianças. Os primeiros anos de uma criança trazem experiências diárias, sempre novas, onde aprender é um processo estimulado o tempo todo.

Além disso, podemos entender que o inverso também ocorre, e disso nasce uma das nossas preocupações: nem tudo o que é ensinado é realmente aprendido e existem coisas que, mesmo sem que sejam ensinadas, as crianças aprendem. Ou seja, os pequenos desenvolvem suas habilidades influenciados pelos aspectos ambientais e sociais em que se relacionam, pelo nível de aprendizado que eles têm disponível. O processo de aprendizagem é contínuo e, saindo dos primeiros estágios de vida, evolui à medida que a criança se desenvolve e pode compreender questões mais elaboradas.

Dessa forma, no começo da trajetória escolar, cada dia é a possibilidade de novas descobertas. A verdade é que, para garantir o aprendizado, não se deve olhar apenas para o produto, mas para todo o processo. Desde experiências com blocos, bonecos, massa de modelar, pesquisas com os sentidos, observações debatidas, experimentos e vivências, tudo contribui para o desenvolvimento do aluno. Nessa época, as atividades mão na massa estão sempre incluídas para melhorar o pensamento crítico e a criatividade dos estudantes.

Mas, ao longo do tempo, a experiência mão na massa, tão prazerosa, é substituída pela transmissão de conteúdo. Suas principais lembranças da escola, muito provavelmente, são de aulas teóricas, com todos enfileirados, e ao fim do semestre, testes e provas. Por toda essa rotina monótona e cansativa de aprendizado, a educação de hoje procura um retorno ao fazer, esquecido desde o jardim da infância. No mundo inteiro, renova-se o aprendizado da prática e experimentação, que reitera o estímulo aos sentidos e à autonomia dos estudantes, onde retornamos ao tempo em que o aprendizado obrigatoriamente passava pelas mãos.

Para investigar o que é e como acontece a educação mão na massa, também denominada de educação maker, ou hands-on, é necessário entendê-la dentro da escola.

Como inserir o movimento maker pedagogicamente? Como introduzi-lo em atividades curriculares e extracurriculares?

Entendemos que assumir a cultura maker no ambiente da nossa escola reforça nosso caráter transformador, acolhedor e motivador. Nosso ensino caminha lado a lado com as premissas que incentivam o potencial dos nossos alunos.

O movimento maker, focado em tornar a escola um local mais motivador e significante para o estudante, procura estimular e desafiar as crianças ao valorizar suas criações. O incentivo a colocar as mãos na massa desenvolve habilidades como a resolução de problemas, imaginação, criatividade, empreendedorismo, capacidade de sistematizar e comunicar seu pensamento através das diversas fórmulas artísticas.

Afinal, para concretizar o aprendizado, temos que olhar não apenas para o resultado, mas para todo o processo: colocar as mãos na massa envolve uma série de desafios que serão solucionados pelo seu filho. Dessa forma, a nossa escola desenvolve a interdisciplinaridade, e os nossos estudantes têm a oportunidade de colocar em prática conhecimentos que, outrora, estariam limitados pelo papel e caneta.

As atividades práticas incentivadas pela nossa instituição envolvem o trabalho coletivo, desenvolvendo empatia e obedecendo princípios que estimulem o potencial inventivo, centralizando os nossos alunos no momento do aprendizado. Dessa forma, fica muito mais fácil estabelecer exercícios que levem em conta as inteligências múltiplas, respeitando os tipos de inteligência (lógico-matemática, espacial, linguística, musical, corporal, intrapessoal, interpessoal e naturalista) e as características particulares dos estudantes.

A partir do momento que os professores exercem mais atividades grupais, estabelecem um ambiente colaborativo de aprendizagem e percebem mais facilmente as personalidades e os talentos dos seus alunos, adaptando os formatos de aprendizado ao que necessitam, formulando um ciclo de aprendizado muito efetivo e prazeroso de troca de conhecimentos. Essa maior interação entre os nossos estudantes e professores é algo inerente ao processo ativo do ensino hands-on.

Nesse contexto, o professor não é autoritário, mas, permanecendo em seu papel de responsável, também se torna instigador da busca pelo conhecimento, uma vez que dialoga e testa possibilidades para construir junto aos seus alunos. Dessa forma, a cultura maker na escola se perpetua desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Um ótimo exemplo são as aulas de robótica, em que os alunos inventam robôs que resolvem um problema proposto, necessitando de questões mais elaboradas e desenvolvimento de uma maior capacidade inventiva e de raciocínio lógico.

Além disso, atividades mão na massa são formas criativas de se reforçar o pensamento crítico e as habilidades de lógica, o que pode envolver jogos e exercícios dentro de sala de aula que estimulem esses âmbitos. Cruciais para todos os tipos de disciplinas acadêmicas, o desenvolvimento obtido a partir desses exercícios auxiliarão muito no futuro, desde a leitura e escrita como formas claras de comunicação, matemática e ciência e até mesmo a resolução de provas mais tradicionais e recheadas de fórmulas. Afinal, não é muito mais interessante para o estudante aprender matemática através da construção de um carrinho de brinquedo, por exemplo?

Quando as crianças passam para as futuras etapas, podemos associar as atividades maker ao chamado “design thinking”, onde é possível desenvolver novos protótipos e melhorar invenções e projetos já existentes. As atividades mão na massa estabelecem maneiras de pensar que, incentivando a criatividade, incentivam também o processo criador nas mentes infantis, formando adultos mais propensos a “pensar fora da caixa”, liderar, trazer soluções eficazes para a sociedade e serem cidadãos engajados.

Quando chegar ao Ensino Médio, é possível despertar, nos alunos, interesses e habilidades ligadas ao mercado de trabalho, como liderança, capacidade de comunicação eficaz e proatividade.

Com as devidas adaptações, a nossa escola formou um grande espaço maker que associa o ensino à inovação, imaginação, criatividade e autonomia, substituindo o monótono modelo da sala de aula tradicional, onde os alunos permanecem enfileirados, de costas uns para os outros, com certa impossibilidade de compartilhar conhecimentos.

O estudante, ao utilizar suas próprias mãos e se enxergar diante de si uma problemática – das menores até as mais elaboradas, vê-se motivado a solucionar a questão e, assim, criar seus próprios caminhos até o resultado. Afinal, entendemos que essa prática da autonomia nas crianças e adolescentes é essencial para desenvolvimento futuro deles.

 

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