Educar não é fácil. Precisamos persistir, nos dedicar, dia após dia transmitindo mensagens que consideramos importantes e ensinando valores que servirão para o futuro dos nossos pequenos. Esse aprendizado não acontece magicamente, mas sim ao longo da vida, em uma troca gradativa.

Embora escutemos falar sobre ética e caridade quase diariamente, é raro nos aprofundarmos sobre o assunto ou até mesmo conseguirmos parar no meio da nossa rotina exaustiva para dedicar tempo em práticas de qualidade. Em contraste, para vivermos e olharmos para o outro de forma plena, é imprescindível desenvolver os valores e virtudes que permitam ver o semelhante como também dotado de direitos e deveres. A palavra para esse exercício é a solidariedade.

A importância de ensinarmos os valores na primeira infância

Primeiro, é necessário lembrarmos a importância de ensinarmos desde cedo os valores que irão permitir que crianças e jovens tenham experiências para viver em harmonia.

Sabemos que o homem define o que importa para ele, participando ativamente da sua realidade em prol desse princípio. É a partir do nosso íntimo, dos fundamentos que temos, que nos desdobramos no relacionamento com o outro: assim surge a virtude, ou seja, o valor colocado em prática. A virtude vem de hábitos profundos que se originam do meio onde somos criados, obtidos através de exemplos e comportamentos semelhantes.

Como Instituição, sabemos que a solidariedade é princípio de grande relevo nos Parâmetros Curriculares Nacionais para a educação infantil. Considerando o desenvolvimento do educando a partir da teoria da imitação de Piaget, é na primeira etapa da vida que a personalidade do indivíduo se forma, sendo necessário que, desde cedo, os pequenos tenham ao seu redor ensinamentos valorosos sobre respeito e caridade.

Por tal razão, os valores precisam ser trabalhados para serem transmitidos dentro da família e na escola, as primeiras formas de sociedade vivenciadas pela criança. É necessária a inserção da família e escola em processos como a formação dos valores fundamentais. Diante desta visão tão ampla da missão do educador, iremos te explicar um pouco sobre a transmissão do valor da caridade no âmbito escolar.

O papel da escola ao transmitir a solidariedade

O primeiro filtro que a escola passa ao abordar esses conceitos, é perceber como eles deverão ser transmitidos. Refletimos então sobre os termos mais usualmente utilizados para abordar este tema: valores, virtudes, moral e ética, palavras que você provavelmente escutou a sua professora utilizar e definir.

A aplicação destes valores a partir das orientações contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (“PCN’s”), é quando Estado se mostra aliado da família para promover a formação de um cidadão em valores, aplicando-os nas escolas em todos os segmentos da educação. Torna-se necessário ao educador procurar ser coerente entre teorias e atos, entender-se como modelo, refletir sobre a ação do outro, admitindo que, neste meio social onde a criança se depara com diferentes cargas culturais, ele é a figura de autoridade que reafirmará aquilo que já foi passado pela família e ainda está em processo de amadurecimento para a criança.

A pedagogia afetiva, neste momento, é uma excelente aliada. A proximidade disponibilizada com o afeto dará oportunidade para que o professor ensine essa forma tão terna de virtude que é a solidariedade. Ensinar a criança a compartilhar sorrindo é demonstrar que dividir alegra. Sem precisar forçar o processo, a proximidade do próprio grupo tornará a distribuição natural. Lápis de cor, brinquedos e lanches, tudo pode ser repartido.

É importante lembrar que, enquanto educadores, somos conscientes das etapas diferentes para cada criança, respeitando seus espaços e seu tempo de processo. Quando um pequeno não está pronto para compartilhar, deve ser respeitado e afetuosamente cuidado, enquanto o ensinamento é transmitido aos poucos.

Em datas comemorativas, nossos professores sempre buscam atividades especiais que reúnam o grupo, como o simples e belo ato de escrever e dar cartões. Enquanto a criança dedica seu tempo a embelezar o papel, sua mente pensa nos sentimentos de quem receberá. Doações coletivas, conversas, debates e o exercício do ato de escutar são práticas que estão sempre presentes.

A família como primeira educadora

Se a escola é a segunda educadora, a família com certeza é a primeira: está inserida no meio social, é influenciada externamente e é a principal professora nos valores e virtudes que já destacamos. Sendo a célula básica da sociedade, pode ser enxergada como uma organização de pessoas que transmite valores em uma rotina de intimidade profunda.

Como a família pode ensinar, na prática, a solidariedade?

Nós sabemos a importância da solidariedade para o desenvolvimento do ser humano: a cooperação e empatia são vitais para uma sociedade saudável. Mas, na prática, como podemos ensinar esses valores aos pequenos?

Nas nossas rotinas tão atarefadas, precisamos encontrar tempo para encaixarmos atitudes simples, mas que farão grande diferença.

Se envolvam em sua comunidade

Os benefícios trazidos são variados. Dedicar um tempo compartilhado com seu filho cresce a intimidade, entrega a ele o seu exemplo e engrandece as relações do pequeno com o outro.

Há várias opções: proteção e cuidado aos animais, crianças com câncer, programas para moradores de rua, arrecadar juntos agasalhos e mantimentos ou simplesmente ir para a calçada ler histórias para as crianças. O ambiente social é ilimitado e a autoestima de seu filho será fortalecida ao sentir que pode fazer algo de bom para alguém e contribuir para a comunidade, exercitando até mesmo habilidades como capacidade de liderança e solução de problemas.

Conheça os talentos do seu filho e incentive-o a compartilhar

Incentive o pequeno a compartilhar esse talento ensinando outras pessoas. Tocar um instrumento, ajudar o amiguinho na tarefa de casa, pintar juntos e aproveitar para dividir o lápis de cor. As possibilidades serão inúmeras e dependerão dos gostos do filhote. Assim, ele poderá desenvolver as próprias capacidades enquanto compartilha com o outro.

Doe literatura

Separe junto com o seu filho livros para doar a uma biblioteca comunitária ou disponibilize-os em um local público. Aproveite e escreva bilhetinhos para quem lerá, fazendo com que o pequeno compreenda empaticamente a figura do outro que receberá.

A única forma de aprendermos sobre a caridade é na prática. Dos mais simples atos de bondade às elaboradas iniciativas de caridade, nada se compara a alegria que decorre do serviço ao próximo. É verdade que, ao final, queremos que nossos filhos sejam amparados pelos valores que conseguimos passar, proporcionando para eles uma infância plena e uma juventude saudável em um mundo bem maior do que a nossa casa confortável e os nossos braços protetores. Nosso trabalho é ensinar os pequenos a trilhar esse caminho com empatia.

 

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